A importâcia do Sono
Uma pessoa passa, em média, um terço de sua vida dormindo. É uma necessidade humana fundamental para uma boa saúde e uma boa qualidade de vida.
Existem lacunas, tanto no que diz respeito ao sono normal, quanto às suas alterações, das quais a insônia é uma das mais frequentes.
A operacionalização da definição de insônia que vem sendo usada no campo da pesquisa clínica e epidemiológica tem se utilizado de alguns marcadores que avaliam intrinsecamente alterações do sono – dificuldade de início, manutenção ou despertar precoce – associadas a sono não reparador e, ainda, causando sofrimento ou prejudicando o desempenho do indivíduo na sua rotina diária.
Outra característica da insônia é fornecida pela temporalidade dos sintomas. Se estes forem muito recentes, caracterizarão um quadro agudo, geralmente estando associados a eventos estressores sociais ou ambientais, por exemplo.
A insônia pode ser classificada em primária, quando não ocorre exclusivamente, no contexto de outro transtorno do sono, de outro transtorno mental, nem decorre dos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral. Na situação oposta, é denominada de secundária.
Apesar da gênese multifatorial, alguns determinantes como ansiedade, depressão e doenças crônicas estão frequentemente associados com a insônia.
Também está bem estabelecido que, em idades mais avançadas, haja uma maior prevalência de insônia, assim como em certas profissões com problemas relacionados com o sono como aquelas que exigem o trabalho em turno invertido ou alternado.
O uso de medicamentos, como os benzodiazepínicos, ou mesmo de álcool com o objetivo de dormir, acaba alterando o padrão do sono, havendo piora da sua qualidade.
O conhecimento científico atual nessa área ainda não é suficiente para elucidar todas as dúvidas. Entretanto, sabe-se que inúmeros fatores fisiológicos podem promover a insônia, e que mesmo essa percepção irá depender da expectativa do indivíduo em relação à qualidade da sua noite de sono.
O sono, como a maioria das funções biológicas, é regulado por um ritmo circadiano. Um relógio biológico localizado no hipotálamo exerce esse controle, mantendo a regulação do sono por meio de elementos sincronizadores externos como, por exemplo, o ciclo dia-noite, a temperatura ambiental, os horários das refeições e outras situações ambientais cíclicas.
Variações nesses estímulos podem afetar o ciclo psicobiológico em um gradiente, que vai desde uma modificação transitória resultante de um evento passageiro, até uma mudança mais profunda, causando alterações duradouras nos padrões do sono chamadas transtornos do sono, dos quais o mais prevalente é a insônia.
Classicamente o sexo feminino aparece como um dos fatores de risco para insônia. Existem evidências de que as mulheres têm 1,5 vezes mais chance de apresentar insônia do que os homens.
Indivíduos insones percebem sua saúde como pior do que aqueles que não relatam problemas com o sono e ainda apresentam mais frequentemente os diagnósticos de asma, rinite alérgica, hipertensão arterial e arritmias.
Não somente a presença de outros problemas de saúde favorece o desenvolvimento de insônia, mas também o número de doenças pode atuar de forma cumulativa, gerando mais insatisfação com o sono.
Fonte: Recorte do atigo científico “Eidemiologia da Insônia em inquérito populacional em uma cidade do sul do Brasil”. Por mestrando: Everton José Fantinel. Orientador: Luiz Augusto Facchini. Coorientadora: Suele Manjourany Silva. Universidade Católica de Pelotas. Pelotas-RS Outubro/2010